Minhas queridas e amadas sementes,
Hoje vamos ao mar, é domingo e vamos ao oceano. O mar está azul, transparente, precioso e estamos onde há toda uma costa de corais, onde vivem uns caranguejos muito bonitos, e um dia um caranguejo saiu e olhou ao seu redor e disse:
- Por que sempre tenho que viver aqui? Por que sempre tenho que estar em meio aos corais? Por que não posso ir ao outro lado? Sempre ver o mesmo, sempre o mesmo.
E seus amigos olharam para ele
- mas o que você precisa? disseram – você tem tudo, comida, o mar é o lugar mais precioso, e podemos brincar, nadar, saltar.
- Sim, mas sempre estamos no mesmo lugar, sempre.
E seus amigos, de novo disseram:
- Não compreendemos você.
E continuaram a brincar, saltar, conhecer outros amiguinhos, outros caranguejos. E enquanto estavam falando, nosso querido caranguejo, disse:
- vou embora.
Começou a saltar, nadar e foi para a margem, mas antes, seus amigos haviam falado para ele:
- tenha muito cuidado, tem muito perigo na margem, não vá, não vá, porque os homens são cruéis conosco, e também tem animais, que podem machucar você.
Ele havia respondido várias vezes:
- ah, são besteiras, se sei me defender aqui, também posso me defender por todos os lugares.
- sim, mas aqui é sua casa. Disseram para ele. – e a conhece.
Ele não levou em consideração e foi para margem.
Na margem, contemplou a areia, as ondas, que entravam e saiam e também via passos, eram umas formas de pés que ele ignorava e que a água chegava e enchia e depois se retirava. E disse:
- que divertido, tem desenhos aqui, e que distante se vê de onde eu vivia, mas ao menos aqui respiro.
E de repente, teve uma mão, que não sabia de onde saiu e o levou. E o caranguejo disse:
- mas para onde vou? Onde estou? Que me aconteceu?
E quando se deu conta, o haviam colocado em uma panela para ferver. Era simplesmente um pescador, que o encontrou, como tantos de outros. E então reflexionou e disse:
- toda minha vida, todo esse tempo pensando, reflexionando, analisando para poder vir na margem, para terminar onde estou?
E ficou muito decepcionado, muito decepcionado. O colocaram no prato, já cozido e aí terminou.
Minhas queridas sementes, muitas vezes acontece, que desejamos o alheio, que sempre invejamos o maior dos outros, as casas mais bonitas, o carro maior, sempre gostamos do que não temos, ou desejamos o que não podemos alcançar e às vezes, nunca estamos satisfeitos, sempre queremos mais, quando na realidade, temos o suficiente para viver cada dia, que é o oxigênio, a compreensão e sobretudo a paciência.
Respirar, já é uma vida, e cada dia que passa, imaginem quantas vidas.
Com todo meu amor,
La Jardinera
Isso não proíbe comer caranguejos, nem de comer ostras, nem crustáceos, não. Uns ajudamos aos outros e lembrar que tudo se aproveita nessa vida, tudo.
Feliz domingo